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Roda de Conversa sobre a Casa de Parto

31/08/2012

Entrevista sobre a Casa de Parto no WhatMommy

13/06/2011

Entrevistas que a Carol fez comigo para a sessão “Mães que contam” do seu blog, o What Mommy Needs sobre a Casa do Parto de Sapopemba e minha experiência como parturiente nessa casa de parto.

 

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Série Mães que Contam – Conversa sobre casa de parto

Carol: Como você chegou à decisão de parir numa casa de parto?

Elly: Muito antes de engravidar tomei conhecimento desta opção pela imprensa. Um ano antes de engravidar, duas amigas passaram pela experiência de parir na CP Sapopemba, daí, quando me vi grávida, a decisão já estava tomada.

Carol: Como foi o seu pré-natal?
Elly: Meu pré-natal não foi na CP e por isso foi chatinho no que diz respeito às condutas dos Ginecologistas Obstetras. Frases como: `você não precisa sentir dor, deixa tudo comigo!` e outras prepotências médicas. Mas, a partir da 37a. semana, com o acompanhamento na CP, tudo ficou ótimo. Apenas a primeira consulta lá valeu por todas as tantas com os GOs. E, a cada consulta minha segurança de parir na companhia daquelas mulheres parteiras crescia e nem foi abalada por um Ultra Sonografia que dizia que Caetano pesava 4.500k

Carol: Você teve acompanhante durante o trabalho de parto e o parto?
Elly: Meu marido esteve comigo o tempo todo na CP. Só saiu um instante para tomar um lanche, mas acompanhou todo o processo de nascimento de Caetano.

Carol: Como foi seu parto? Teve necessidade de alguma intervenção?
Elly: Minha bolsa rompeu ainda em casa, mas Caetano permaneceu bem alto, e era bem grande. De início já não foi recomendada minha entrada na banheira, que tanto quis, pois ficar de pé favoreceria ele descer durante o TP. Não entrei em TP naturalmente e recebi ocitocina. Após 8h de TP, grande parte delas debaixo do chuveiro e na bola de pilates, Caetano permanecia bem alto. Para mim, dava para esperar, mas a parteira achou que deveria aplicar Kristeller (manobra que empurra o bb), mas não teve nenhuma postura agressiva, foi algo feito com respeito. Outra intervenção que esta sim considero totalmente desnecessária foi a episio. Não senti nada ali e a parteira q me acompanhou no plantão seguinte tb achou desnecessária, mas respirou aliviada qdo viu a proporção do corte. Disse que não foi grande o corte. Até hoje eu nem imagino a proporção, pois não senti nada relacionado à episio no pós parto, só sei q foi feita, pois a parteira me pediu para fazer durante o expulsivo. Caetano nasceu com 4270kg e 56cm, uma bossa na cabeça e muito cansado (assim como eu). Não abocanhou o peito ao nascer, mas mamou na primeira hora, já no quarto.

Carol: Como foi o contato com o bebê logo depois?
Elly: Foi lindo. Meu marido veio com ele logo após o primeiro banho. E as parteiras me auxiliaram a amamentar na primeira hora. Foi mágico!

Carol: Você indicaria uma casa de parto para outra mulher? Por quê?
Elly: Indico sim, pois ainda que a localização das casas de parto pareça um empecilho, num trabalho de parto saudável isto não é impecilho real. Fui de ônibus parra a CP Sapopemba, saindo de Santo André, com bolsa rôta. Em TP, claro que optaria por um táxi ou carro, mas raríssimos TPs duram menos que 2 horas e, se a mulher se preparar com uma doula, melhor ainda. Senti falta de uma. Indico e criei um blog para que esta indicação possa alcançar mais e mais mulheres.

Grávidas buscam nas casas de parto alternativa aos hospitais

13/06/2011

TATIANA DINIZ
da 
Folha de S.Paulo

Elas pertencem às classes média e média alta, têm nível superior e plano de saúde. Mas, na hora de terem seus bebês, preferem recorrer a casas de parto do SUS (Sistema Único de Saúde) a contar com a megaestrutura oferecida pelos hospitais privados. Ter a chance real de um parto humanizado, fugir de uma cirurgia cesárea, acreditar que o nascimento é um ato fisiológico e não médico e desejar suporte emocional e não apenas tecnológico. Esses são alguns dos motivos listados por mulheres que, acima de tudo, alegam querer ser “donas” de seus próprios partos.

Todas têm em comum a intenção de driblar as sucessivas intervenções médicas que fazem parte das rotinas hospitalares e seus procedimentos-padrão –que vão desde a raspagem dos pêlos pubianos ao corte e à sutura no períneo, passando por lavagens intestinais, rompimento induzido da placenta e uso de ocitocina para acelerar o nascimento.

Hoje, há no país 14 casas de parto (ou Centros de Parto Normal, como são chamadas na portaria do Ministério da Saúde que as criou, em 1999). Todas fazem parte do sistema de saúde pública.

“A mulher está mais informada e percebeu que a melhor maneira de ter seu bebê é com o mínimo de intervenção. Como o serviço privado ainda não tem essa alternativa para oferecer, ela está migrando para a rede pública”, observa o ginecologista, obstetra e pesquisador na área de saúde da mulher, Marcos Dias. “A sociedade começou a responder por estar se sentindo enganada. As gestantes combinam com seus médicos que querem o parto normal e, na última hora, escutam uma desculpa para a cesárea. Médicos não querem esperar, e casas de parto são feitas para isso”, completa Francisco Vilella, homeopata, ginecologista e obstetra.

Três dias antes do nascimento de Raphael, a chef Marina Campliglia, 30, ouviu da médica que a acompanhava “que o bebê era muito grande e havia uma incompatibilidade entre o tamanho da cabeça dele e o da pelve dela”. “Estava na 41ª semana e sabia que seria provavelmente a minha última consulta. Saí chorando. Três dias depois, as contrações vieram. Virei para o meu marido e disse: “Vou para a casa de parto agora.'”

Marina não hesitou em percorrer, por 40 minutos, a distância entre a sua casa, em Moema, bairro nobre da zona sul de São Paulo, e a Casa de Parto de Sapopemba, na periferia da zona leste. “Desci do carro, e a bolsa estourou. Raphael nasceu comigo, com o pai e com a parteira. Sem anestesia, sem nada. Dez horas depois, peguei minhas coisas e voltei para casa, sem passar por mil médicos. Foi perfeito.”

Grávida de sete meses, a escritora Micheliny Verunschk, 33, única mulher finalista na última edição do prêmio literário Portugal Telecom, está dividida entre ter a filha Nina numa casa de parto ou em sua própria casa.

“Como leiga e mãe de primeira viagem, tinha certeza de que estaria mais segura se tivesse o bebê numa maternidade. Até que a médica me falou que se sentira “ofendida” por primas que optaram por partos na água e em casas de parto. Aquilo acendeu luzes de alerta em mim”, lembra. Tomada pela dúvida, dedicou-se a pesquisar. “Fui ler, buscar informações na internet e conversar com outras mulheres. Comecei a notar que a cesárea continua a ser o procedimento médico mais cômodo.”

A escritora, que ressalta que nunca seguiu “a linha natureba”, diz ter começado a questionar os hospitais. “Descobri que [nos hospitais] procedimentos contra-indicados pela OMS para partos normais, como a tricotomia e a episiotomia, são rotina. Não quero parir em um hospital, a menos que seja necessário. Acho que meu lado “bicho” despertou.”

A distância de sua casa até a casa de parto é o empecilho de peso. “Talvez por isso decida ter em casa. Veja bem, quantas vezes você ouviu falar de infecção domiciliar? Já de infecção hospital, eu ouvi inúmeras histórias.”

Um estudo publicado pelo “British Medical Journal” acompanhou 5.418 nascimentos domiciliares monitorados por parteiras nos EUA. A conclusão foi que, para mães saudáveis, as chances de um parto seguro são as mesmas em um hospital ou em casa. Do total de grávidas acompanhadas, 87% pariram sem necessidade de intervenção médica. Só 3,4% das parturientes foram transferidas para hospitais; 4,7% utilizaram anestesia; 2,1% fizeram episiotomia, 1% precisou de fórceps. Os percentuais de intervenção são mais baixos do que os de partos em hospitais, diz o pesquisa.

fonte: folha equilíbrio

outubro 2005

Nossos números neste primeiro ano de atividade do blog

02/01/2011

Os duendes das estatísticas do WordPress.com analisaram o desempenho deste blog em 2010 e apresentam-lhe aqui um resumo de alto nível da saúde do blog:

Healthy blog!

O Blog-Health-o-Meter™ indica:

Mais fresco do que nunca.

Números apetitosos

Imagem de destaque

Um Boeing 747-400 transporta 416 passageiros. Este blog foi visitado cerca de 4,500 vezes em 2010. Ou seja, cerca de 11 747s cheios.

Em 2010, escreveu 14 novos artigos, nada mau para o primeiro ano! Fez upload de 10 imagens, ocupando um total de 509kb. Isso equivale a cerca de uma imagem por mês.

The busiest day of the year was 22 de abril with 139 views. The most popular post that day was Sobre a CP.

De onde vieram?

Os sites que mais tráfego nos enviaram em 2010 foram orkut.com.br, mail.yahoo.com, relatosdeparto.blogspot.com, maternajapao.blogspot.com e e-familynet.com

Alguns visitantes vieram dos motores de busca, sobretudo por casa de parto sapopemba, casa de parto de sapopemba, sinasc, casa angela e casa de parteira

Atracções em 2010

Estes são os artigos e páginas mais visitados em 2010.

1

Sobre a CP abril, 2010

2

Casa do Parto recebe selo OURO Sinasc (Selo do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos) abril, 2010
1 comentário

3

Equipe abril, 2010

4

Contato abril, 2010

5

Parteira, profissão que renasce abril, 2010
1 comentário

O relato de Érika

02/08/2010

Clique na imagem para conhecer mais um belo relato de parto na Casa do Parto de Sapopemba.

Casa de parto comprova-se tão segura quanto hospital

07/07/2010

São Paulo (AUN – USP)

Por Lívia Furtado
livia.ffurtado@gmail.com
06/07/2010


É comum associar a idéia de casa de parto a um lugar de condições precárias, onde trabalham as famosas “parteiras.” Mas estudo recente comprova que é tão seguro ter um bebê em um centro de parto normal quanto em uma unidade hospitalar. Além disso, no centro, mulher e recém nascido sofrem menos intervenções obstétricas.

A pesquisa foi realizada por Camilla Alexsandra Schneck, da Escola de Enfermagem da USP. Seus dados desmistificam um preconceito existente na cabeça de muitos médicos, segundo Maria Luiza Gonzalez Riesco, orientadora da tese de Doutorado. A professora explica que as casas de parto já foram normatizadas pelo Ministério da Saúde, e existem critérios para que um parto ocorra lá. Segundo Camilla, a mulher deve ser uma gestante de baixo-risco, ou seja, não apresentar complicações durante a gestação. Os critérios para uma gravidez se enquadrar nessa categoria incluem: idade gestacional entre 37 e 41 semanas, não ter nenhuma complicação na gestação ou em gestações anteriores, ter todos os exames do pré-natal realizados, com resultados normais, e não ter tido nenhuma cesariana antes. “Isto reduz bastante o número de mulheres que podem ser atendidas em ambientes extra-hospitalares, mas também define um grupo específico que não necessitará das intervenções praticadas rotineiramente no hospital.” Além disso, a casa fica sob o comando de um profissional da saúde – porém, esse profissional pode ser uma enfermeira, não necessariamente um médico. Por causa disso, essa última categoria é em geral contra a criação dos centros, alegando serem eles não seguros. Em São Paulo, existem apenas dois atualmente.

As evidências encontradas por Camilla, entretanto, vão contra esse discurso. Fora do hospital, a dieta da mãe sofre menos restrições, dando a ela mais liberdade para se alimentar – sem se prejudicar por causa disso. Ou seja, pode-se oferecer alimentos de acordo com a necessidade de energia de cada mulher. “O trabalho de parto gera um gasto de energia intenso. Privar as mulheres de alimentos pode diminuir a energia também do bebê durante essa tarefa”, explica a pesquisadora.

O uso de ocitocina – hormônio utilizado na forma sintética, no soro, para estimular as contrações e acelerar o parto – é muito reduzido no centro em relação aos hospitais, onde a prática é comum. Camilla aponta que o uso do hormônio deve ser criterioso, usado apenas se houver real necessidade. Seu uso indiscriminado pode gerar aceleração intensa das contrações uterinas, aumentando a atividade no útero e diminuindo, por exemplo, a oxigenação do feto. Além disso, essa estimulação hormonal pode levar ao cansaço dos músculos do útero, dificultando sua capacidade de contração assim que o bebê nasce. Isso causa hemorragias graves no pós-parto. “Não usar ou usar pouco é melhor,” diz Camilla, “pois permite o desenvolvimento fisiológico das contrações uterinas e, consequentemente, evita riscos e promove um parto mais natural.”

Em relação ao bebê, especificamente, no hospital há mais freqüência de aspiração das vias aéreas superiores, maior uso de oxigênio nos recém-nascidos, e eles são mais internados em unidades neonatal. “A unidade neonatal é um local para o bebê doente.” A variável foi incluída no estudo para haver uma medida indireta se o parto na casa de parto gerava necessidades maiores de encaminhar o bebê para tal unidade. “Isso é também uma medida indireta da segurança do modelo.”

Fonte: AUN USP

Sarah Inspiração

15/06/2010

O parto de Sarah e seu relato, de 2005, inspiraram-me na certeza de que Caetano, em 2007 nasceria no mesmo local.

Com vocês, o belo relato de Sarah Helena, uma encantadora mulher que tive o prazer de conhecer ainda grávida do pequeno-grande André.

(Clique na imagem para ler o relato)

O relato da Isa – agora são 10!

22/05/2010

Acabo de conhecer a Isa na comunidade da Casa do Parto de Sapopemba no orkut e ela nos enviou mais um lindo relato de parto.

Este é o relato de número 10 do blog!

Para conhecer mais esta história da casa, clique aqui.

Tire suas dúvidas sobre casas de parto

17/05/2010

da Folha de S.Paulo

O que é uma casa de parto?
Os CPN (Centros de Parto Normal) foram criados pelo Ministério da Saúde em 1999 e são definidos na portaria 985 como “unidade de saúde que presta atendimento humanizado e de qualidade exclusivamente ao parto normal sem distócias”.

Toda mulher pode ter seu bebê em uma casa de parto?
Não. Apenas aquelas cuja gravidez é de baixo risco, ou seja, sem nenhum problema e com tempo igual ou superior a 37 semanas. Algumas casas de parto –como a de Realengo, no Rio de Janeiro– restringem seu atendimento a moradoras da vizinhança

Quem não pode dar à luz numa casa de parto?
Gestantes hipertensas, diabéticas, cardiopatas ou que apresentam algum quadro patológico; grávidas que entram em trabalho de parto com tempo gestacional inferior a 37 semanas; grávidas de gêmeos; gestantes que já tiveram um parto cesárea.

A casa de parto tem médicos?
Não necessariamente. De acordo com a portaria que os criou, os Centros de Parto Normal podem ser dirigidos por enfermeiras-obstetras. Alguns, como o de Brasília, têm médicos em seus quadros, mas não é obrigatório.

Há equipamentos para socorrer o bebê?
Sim. Os centros dispõem de equipamentos para reanimação do bebê e monitoramento dos batimentos cardíacos e do líquido amniótico durante o trabalho de parto, além de incubadora móvel para o caso de a transferência da criança a um hospital.

Como é o parto?
A mãe é estimulada a protagonizar o nascimento do bebê. Durante o trabalho de parto ela pode comer, ingerir líqüidos, andar, tomar um ducha ou ficar dentro d’água numa banheira, ficar de cócoras ou na posição que lhe for mais conveniente.

O que a casa de parto não faz?
Parto cesárea, tricotomia (raspagem dos pêlos pubianos), lavagem intestinal, aplicação de anestesia, corte do períneo. O uso de ocitocina (substância que acelera o trabalho de parto) e a perfuração da bolsa podem ocorrer, mas não são rotina.

Pode dar errado?
Pode. Em caso de complicação durante o trabalho de parto, a mulher é transferida a um hospital público que atua em parceria com a casa de parto. Ela não pode escolher para qual hospital quer ser levada. Todos os centros têm ambulância.

Quando há transferência para um hospital?
Em casos de descolamento prematuro de placenta, sangramento, pressão alta da parturiente durante o trabalho de parto, presença de mecônio (fezes do feto) no líquido amniótico, bradicardia (diminuição dos batimentos cardíacos) ou sofrimento fetal.

Como é alojamento?
Em algumas casas de parto, é conjunto –as mães ficam juntas em quartos coletivos. Em outras, como a do Rio de Janeiro, a mãe fica em quarto com cama de casal junto com o bebê e o acompanhante. Os bebês sempre ficam na companhia da mãe

Carta Aberta a Alexandre Garcia – Considerações sobre a “bobagem” do Parto Humanizado

10/05/2010

Quem está brincando com a saúde?

Caro Sr. Alexandre Garcia,

Somos mulheres ativistas da Rede Parto do Princípio, uma rede nacional, com mais de 100 mulheres por todo o Brasil, que luta para que toda mulher possa ter uma maternidade consciente e ativa através de informação adequada e embasada cientificamente sobre gestação, parto e nascimento.

É com profundo pesar que recebemos em pleno dia das mães uma fala cheia de preconceitos sobre a maternidade em um veículo de comunicação pública.

Diante de sua fala, nota-se o profundo desconhecimento das políticas de controle de infecção hospitalar, como também da legislação que garante a toda mulher o direito à presença de um acompanhante de sua livre escolha no pré-parto, parto e pós-parto imediato. Não é só uma “bobagem” do Ministério da Saúde. É lei (Lei Federal n° 11.108 de 2005). Uma lei que vem sendo sumariamente descumprida por todo o país.

Transcrição realizada a partir do áudio disponível em:

http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/mais-brasilia/MAIS-BRASILIA.htm

[…] eu tô criticando essa bobagem do Ministério da Saúde de parto humanizado… será que vão deixar entrar um pai na sala cirúrgica pra infectar a sala cirúrgica? O pai barbudo, cabeludo, bêbado, sei lá o quê, mas enfim… hã… vestido com… com poeira da rua numa sala cirúrgica? Isso é um absurdo. Ah, mas é o parto de cócoras… tudo bem, peça para sua mulher fazer um parto de cócoras pra ver o que vai acontecer com o joelhos dela, não é índia, nã… vão… vão acabar… É um sofrimento. Ah, porque as cesárias… eu disse olha… que ele mesmo concorda que o… o serviço público as cesárias só é feita [sic] em último caso… é parto normal normalmente… não precisa ficar anunciando que o hospital do Gama vai ter isso […]”

Existem normas de controle de infecção hospitalar que devem ser cumpridas por toda a equipe de saúde, pelos pacientes e por seus acompanhantes. Independente se são “cabeludos”, “carecas” ou “barbudos”. Seguidas essas normas, não há porque restringir o acesso do acompanhante. O direito da mulher não pode ser violado a partir de discriminação, de preconceito.

Várias pesquisas comprovaram que a presença do acompanhante no parto proporciona uma série de benefícios como: maior sentimento de confiança, aumento no índice de amamentação, diminuição do tempo de trabalho de parto, menor necessidade de parto cirúrgico, menor necessidade de medicação, menor necessidade de analgesia, menores índices de escores de Apgar abaixo de 7, menor necessidade de parto instrumental, menores taxas de dor, pânico e exaustão, entre vários outros benefícios. Diante desses indícios, a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza, desde 1996, a presença de um acompanhante para a parturiente.

E isso não é bobagem. São pesquisas científicas.

Hoje, existe a possibilidade da mulher escolher a melhor posição para o parto. De posse de evidências científicas, muitos profissionais não mais recomendam uma única posição, mas permitem que a mulher encontre a posição mais confortável para dar à luz. Para a posição de “cócoras”, que é como são chamadas algumas posições verticalizadas, existem apoios e banquetas. Há também muitas mulheres que conseguem ficar de cócoras sem comprometer os joelhos, mesmo as não-indígenas.

“[…] O ministério da saúde não fez só isso não. O Ministério da Saúde tá estimulando agora pessoa com HIV a engravidar. Eu duvido que o Ministério da Saúde vá fazer uma… uma cesária pela terceira vez numa mulher com HIV e respingar sangue nele pra ver o que vai acontecer. É uma… é uma maluquice. Tão fazendo uma brincadeira com a saúde… Tá lá escrito na instituição a saúde é direito de todos e dever do Estado. O Estado não está cumprindo seus deveres com a saúde… e os problemas são de gestão, são administrativos.[…]”

Atualmente, diante de assistência médica adequada, nós mulheres podemos ter uma gestação e um parto mais seguros tanto para nós, quanto para os bebês. Inclusive as mulheres HIV positivas. Existem protocolos, embasados cientificamente, para os atendimentos às soro-positivas que evitam a transmissão vertical do HIV. Todos nós temos direito à reprodução. Existem também protocolos de rotinas que protegem a equipe de saúde para que não tenham contato com sangue ou secreções; e de providências caso haja algum acidente. E isso não é maluquice. É biossegurança.

E se o Estado está tomando providências para que o pai mais “barbudo” possa acompanhar sua esposa no nascimento de seu filho, e para que pessoas como eu, como os soro positivos e até como você possam ter fihos e netos em segurança, isso não é “bobagem”, isso é dever do Estado.

Mas se o senhor ainda tiver críticas à “bobagem” do Parto Humanizado ou aos partos das mulheres soro positivas, por favor, embase suas considerações com argumentos fundamentados cientificamente. Porque disparar informações incorretas em meios de comunicação pública é anti-ético e um descalabro. E é vergonhoso.

Referências Bibliográficas:

BRÜGGEMANN, O. M.; PARPINELLI, M. A.; OSIS, M. J. D. Evidências sobre o suporte durante o trabalho de parto/parto: uma revisão da literatura. Cadernos de Saúde Pública, 21 (5): 1316-1327, Rio de Janeiro, 2005.

DRAPER, J. Whose welfare in the labour room? A discussion of the increasing trend of fathers’ birth attendance. Midwifery 13, 132-138, 1997.

GUNGOR, I.; BEJI, N. K. Effects of Fathers’ Attendance to Labor and Delivery on the Experience of Childbirth in Turkey. Western Journal of Nursing Research, vol 29; March, 2007.

KLAUS, M. H.; KLAUS, P. H. Seu Surpreendente Recém-Nascido. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria MS/GM nº 2.616 de 12 de maio de 1998. Diário Oficial da União, 13 de maio de 1998.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo para prevenção de transmissão vertical de HIV e sífilis. Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. Brasília, Ministério da Saúde, 2006.

NAKANO, A. M. S.; SILVA, L. A.; BELEZA, A. C. S.; STEFANELLO, J.; GOMES, F. A. O suporte durante o processo de parturição: a visão do acompanhante. Acta Paul Enferm 20(2): 131-7, 2007.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, Maternidade Segura, assistência ao parto normal: um guia prático. Genebra, 1996.

STORTI, J. P. L. O papel do acompanhante no trabalho de parto e parto: expectativas e vivências do casal. Dissertação (Mestrado em Enfermagem em Saúde Pública) – Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2004.

ZHANG, J.; BERNASKO, J. W.; LEYBOVICH, E.; FAHS, M.; HATCH, M. C. Continuous labor support from labor attendant for primiparous woman: A meta-analysis. Obstetrics & Gynecology vol. 88 nº 4 (2), 1996.

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